terça-feira, 5 de abril de 2016

Posicionamento Plastivida após um ano da lei das sacolas plásticas na cidade de São Paulo

Com referência à Lei paulistana sobre o uso das sacolas plásticas, que esta semana completa um ano, a Plastivida Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos vem se posicionar, alertando que não houve benefício social ou ambiental a partir dessa lei. 
Concordamos que todos devemos buscar o consumo consciente no dia a dia, independente dos produtos e matérias-primas em questão, evitando assim o desperdício e fomentando a ampliação da reciclagem.
É hábito de mais de 90% das pessoas reutilizar as sacolas plásticas para descartar o seu lixo doméstico. Porém, com a cobrança das sacolas plásticas – decisão unilateral de parte dos supermercados - a população se nega a arcar com mais este custo em seu orçamento.
Se as sacolas – que hoje, inclusive, contam com mensagens de inventivo à coleta seletiva - continuassem as serem distribuídas gratuitamente à população pelos supermercados, a sociedade poderia estar muito mais engajada na separação dos recicláveis, que chegariam em quantidade suficiente às centrais de triagem da prefeitura, hoje subutilizadas, com evolução pífia de 1,06% para 2,5%, quando a prefeitura prometeu 10% até 2016.
Sem as sacolas, devido à cobrança, não há separação de lixo, nem sequer descarte correto. Basta acompanhar o noticiário local para nos depararmos, diariamente, com toneladas de lixo jogadas de qualquer maneira pela cidade.
Segundo pesquisa (agosto de 2015), 83% da população paulistana sinalizavam que não pagariam pelas sacolas verde e cinza e 87% desejavam que o PROCON/SP lutasse pela gratuidade das sacolas plásticas. Ao contrário, o PROCON/SP apoia, através de acordo com a APAS e somente em benefício dos supermercados, a venda das sacolas.
Estudo realizado pela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) revelou que, sem sacolas gratuitas, as famílias passam a ter um aumento de gastos mensais com embalagens de 146,1%, o equivalente aos custos com o arroz e o feijão. O consumidor já vem pagando a alta conta da inflação, da queda do ritmo da economia e do desemprego. Agora, com a cobrança, há prejuízo claro à população e ao meio ambiente e tudo isso somente para o benefício dos supermercados.
Entendemos a necessidade, inclusive apoiamos e realizamos iniciativas que ampliem o consumo consciente de qualquer produto para evitarmos o desperdício. E a chave para tal nunca será o banimento ou a taxação/cobrança, mas sim a educação ambiental.
O Brasil precisa incentivar as boas práticas de consumo e descarte corretos e somar a isso a gestão dos resíduos, de forma a reduzir o desperdício e amentar a reciclagem. Um exemplo que deu certo acontece há quase 3 anos no Rio Grande do Sul, onde a questão das sacolas plásticas é tratada com o envolvimento da população, setores público e privado, varejo e também da associação de supermercados local. Como resultado, foi regulamentada a Lei n° 13.272/09, que proíbe o uso de embalagens fora das especificações da ABNT no estado, para que haja redução no desperdício e estímulo à reutilização.
Na sequência, a população gaúcha foi beneficiada, ainda, com o programa de educação ambiental “Sacola Bem Utilizada Ajuda O Meio Ambiente”, que fomenta o uso responsável, as boas práticas de reutilização, o descarte corretos das sacolinhas e a reciclagem. Esta é a forma correta de buscar a preservação ambiental, e devemos observar que não se vende uma sacola plástica no Estado do Rio Grande do Sul. Sacolas de qualidade evitam o desperdício, pois são resistentes e não é necessário se colocar uma dentro da outra para ter segurança no transporte das compras. Ensinamento básico, porém fundamental para o consumo consciente.
Com esse tipo de ação, o meio ambiente ganha, a população ganha e até mesmo os supermercados, que conseguem economizar, distribuindo menos sacolas. Todos nós buscamos o consumo consciente e a redução do desperdício, mas a prática não pode recair apenas na conta do consumidor e, pior, causar problemas ambientais.
Nesse sentido, a cidade de São Paulo retrocede.


Miguel Bahiense – presidente da Plastivida 

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