segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Escolas técnicas de SP adotam livros didáticos feitos com sacolas plásticas e garrafas recicladas

Aquela velha desculpa escolar de que o suco caiu na lição de casa, que o irmão mais novo rasgou a página do exercício ou que o cachorro mastigou o livro vai acabar. Pelo menos para os alunos de informática das escolas técnicas vinculadas ao Centro Paula Souza, de São Paulo. Eles estão usando livros que se assemelham aos comuns, mas foram produzidos com plástico reciclado. As folhas lembram o papel-cuchê, geralmente empregado em livros de fotos, folhetos publicitários e revistas. É possível escrever normalmente, a caneta e a lápis. Mas os alunos perceberão algumas diferenças: a folha de plástico não absorve líquidos, não rasga e, por isso, dura mais tempo. Uma boa solução para livros didáticos, que em geral devem ser usados por mais de um aluno. Foi isso que chamou a atenção da coordenação do Centro Paula Souza, que administra escolas e faculdades técnicas no Estado de São Paulo. A instituição comprou 170 toneladas do papel de plástico e mandou imprimir mais de 260 mil livros didáticos. "Esses livros vão ficar na escola e serão manipulados por três turmas: manhã, tarde e noite", afirma Fernando Almeida, coordenador do núcleo de educação da Fundação Padre Anchieta, que comprou o material em parceria com o Paula Souza. "O material tende a ser sujo até por alimentos. É bom que tenha resistência." A folha sintética é uma tecnologia brasileira, desenvolvida e patenteada por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), do interior de São Paulo, em parceria com engenheiros da empresa de embalagens Vitopel. Sua produção parte de resíduos como sacolas, garrafas e frascos descartados e encaminhados a cooperativas de reciclagem. A fabricação do livro começa depois que o lixo, triturado e limpo, chega à fábrica da Vitopel, em Votorantim, São Paulo. Cada tonelada do papel plástico usa 850 quilos de lixo plástico. A folha sintética, menos porosa, também exige 20% menos tinta que o papel, segundo a Vitopel. Segundo José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Vitopel, o volume atual de produção, de 100 toneladas fabricadas por mês, poderia ser dez vezes maior. "Depende de mais lixo reciclado, além do aumento da demanda." Fonte: Revista Época.

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